UM FAZER DIFERENTE: DIALOGICIDADE A PARTIR DE UMA PRÁTICA EDUCATIVA NUMA COMUNIDADE RURAL DE XIQUE-XIQUE/BAHIA




Gleice de Oliveira Miranda. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IF BAIANO) campus Xique-Xique/BA. E-mail: gleice.miranda@ifbaiano.edu.br 

Davi Silva da Costa. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IF BAIANO) campus Catu/BA. E-mail: davi.costa@ifbaiano.edu.br. 


 

 

A ideia de uma ciência neutra é uma ficção, e uma ficção interessada, que permite fazer passar por científico uma forma neutralizada e eufêmica, particularmente eficaz simbolicamente porque particularmente irreconhecível, da representação dominante do mundo social. (BOURDIEU, 1976, p.27, grifo do autor). 


 

INTRODUÇÃO 


Durante o processo de leitura para elaboração desse relato nos deparamos com o parágrafo exposto anteriormente e consideramos pertinente colocá-lo como um chamado inicial para o diálogo que será estabelecido aqui. Isso porque a nossa atual conjuntura política coaduna de forma escancarada com a lógica dominante do capital e, nesse sentido, ceifa o papel desempenhado pela ciência numa perspectiva de construção de numa sociedade crítica e emancipadora. Destacamos ainda que nos inúmeros espaços onde a ciência se constrói, incluindo os ambientes escolares, o que se observa de forma latente é a produção de um conhecimento hegemônico, balizado numa ciência unívoca e que, como destaca Saquet (2019), tende a escamotear e subalternizar outras construções científicas.  

Enquanto pesquisadores e servidores de um Instituto Federal, consideramos importante trazer a reflexão sobre que ciência tem sido produzida nesses espaços. Atende a que interesses? A quem? Em que medida a concepção de ciência adotada nos Institutos Federais (IFs) repercute em práticas educativas libertadoras?       

Para aclarar um pouco mais sobre o papel dos IFs, destaca-se como uma de suas finalidades a promoção do desenvolvimento a nível local e regional. A atuação em prol desses desenvolvimentos possibilita a sedimentação do sentimento de pertencimento territorial, o que favorece ao processo de subversão da submissão das identidades locais a uma lógica global (PACHECO, 2015). Esse destaque nos interessa porque se aproxima de uma finalidade voltada para a comunidade local. Mas para isso é necessário estabelecer um diálogo proximal e ativo entre os IFs e as diferentes realidades locais e regionais. Esse diálogo foi intencionalmente pretendido no ¹projeto de pesquisa intitulado “Proposta de jogo educativo no IF BAIANO campus Xique-Xique: desvelando práticas/percepções sobre educação alimentar e nutricional a partir dos saberes tradicionais”, desenvolvido no Programa de Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (PROfEPT) do IF BAIANO campus Catu/BA, no qual os autores desse relato estão diretamente envolvidos com o desenvolvimento do projeto em questão 

O objeto da pesquisa esteve centrado nas Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC), entendidas como plantas que apresentam uma ou mais partes passíveis de serem utilizadas na alimentação humana, mas que não é comumente consumida pela população que desconhecem as propriedades alimentícias dessas plantas (KINUPP; LORENZI, 2014) e em torno desse objeto temos os sujeitos da pesquisa, representados por estudantes do curso subsequente em meio ambiente do IF Baiano campus Xique-Xique e agricultoras familiares de uma comunidade rural de Xique-Xique. Uma das intencionalidades apontadas nessa pesquisa está na apresentação de algumas pistas/caminhos/notas que favoreçam a produção de uma ciência popular emancipadora.   

Sendo assim, o objetivo desse relato é apresentar possíveis contribuições de um fazer diferente na pesquisa, baseada na abordagem freiriana, para a formação de subjetividades críticas e libertadoras. 

   


DESENVOLVIMENTO 


Após a elucidação introdutória, partiremos agora para a descrição do percurso metodológico do projeto de pesquisa, pondo em evidência a etapa de visita a campo, na comunidade rural chamada Baixa do Mocó, em Xique-Xique/Bahia. Ressalta-se que a pesquisa também é composta por outras etapas que antecedem e que são posteriores a etapa de visita de campo, mas o foco a ser dado nesse relato a essa etapa em questão.  

Antes de seguir com a descrição do percurso metodológico, é importante destacar que, enquanto pesquisadora envolvida nesse projeto, diversos desafios foram enfrentados na execução de cada etapa, mas um dos desafios que me acompanhou em todo o processo de desenvolvimento da pesquisa orbitou sobre a compreensão de um novo olhar para a pesquisa que apresenta enquanto propósito trabalhar “com os sujeitos” e não somente “sobre os sujeitos”. Essa nova dimensão interpretativa da realidade foi gradativamente sendo apresentada a mim pelo orientador e também autor desse relato. A construção de uma pesquisadora que refletisse sob os moldes de uma ciência popular foi então construída pari passu com o processo de desenvolvimento da pesquisa. E as experiências vividas contribuíram enormemente nessa formação. 

Voltando ao enfoque da condução da etapa de visita a campo, utilizou-se enquanto cerne as premissas da ciência etnobotânica, definida por teóricos como um estudo da relação existente entre o homem e as plantas, com vistas a compreender como esse homem aproveita as plantas enquanto recurso (ROCHA, BOSCOLO e FERNANDES, 2015). etnobotânica aproxima-se com a proposta de Freire (1983) quando aponta a necessidade em conhecer a visão de mundo do sujeito do campo, além de reconhecê-lo enquanto gerador de conhecimentos, reconhecimento esse central para a adoção de uma dialogicidade entre os conhecimentos acadêmicos e os saberes tradicionais, presentes nos estudantes e agricultoras familiares, respectivamente  

Os saberes tradicionais podem ser entendidos enquanto aqueles saberes obtidos através do contato do sujeito com a natureza, que permitem a apropriação da natureza desse sujeito de uma maneira holística (TOLEDO; BARRERA-BASSOLS, 2015) Ainda de acordo com esses autores, cada indivíduo de um grupo social ou cultural detém uma parte ou uma totalidade do saber, compondo assim um corpo de conhecimentos a partir de uma memória diversificada daquele determinado povo. 

Buscando a compreensão de uma parte ou totalidade do saber, optou-se pela adoção da técnica conhecida como bola de neve ou snowball para escolha das agricultoras participantes da pesquisa. A Bola de neve ou snowball consiste numa técnica de amostra não probabilística baseada numa cadeia de referência, onde um informante-chave, denominado semente, faz a indicação de um próximo informante e assim sucessivamente, até atingir o ponto de saturação, que na pesquisa em questão foi caracterizado pela repetição das PANC durante o levantamento etnobotânico. (VINUTO, 2014). Segue uma ilustração sobre a dinâmica do snowball dessa pesquisa, que contou com a participação de 04 agricultoras: 

 

Figura 01 – Esquematização da técnica do snowball utilizada na pesquisa.  

 

Caixa de Texto 

É importante destacar aqui que não houve intencionalidade quanto uma participação exclusivamente feminina enquanto sujeitos do campo. Essa composição foi estabelecida pela própria dinâmica da técnica bola de neve. As indicações das informantes ocorreram ao final das visitas às propriedades rurais, que foram conduzidas sob a concepção da técnica intitulada “turnê guiada”. 

 A turnê guiada, proposta por Albuquerque, Lucena e Cunha (2010)pode ser melhor compreendida através da explicação do seguinte percurso: a agricultora era dotada de liberdade e autonomia para nos conduzir pela sua propriedade da maneira que achasse mais apropriada, indicando os nomes das plantas e suas formas de consumo, mesmo se o consumo tivesse uma finalidade medicinal. Foram desenvolvidas fichas para registro das informações ditas pelas agricultoras, além do registro das características gerais da propriedade rural, das características etnobotânicas das plantas encontradas. Também foram realizados registros fotográficos de cada espécie como forma de auxiliar na identificação taxonômica após lançamento das informações em uma planilha desenvolvida pela equipe de pesquisa. 

Ainda tivemos enquanto suporte para registro de informações as anotações nos diários de campo, feito pelos estudantes participantes, de modo a apreender diferentes pontos de vista de uma mesma realidade. Alguns enxertos foram extraídos dos cadernos dos estudantes e dispostos nesse relato, conforme discussões mais adiante 

A pesquisadora inseriu-se também nessa rede simbólica e dinâmica enquanto sujeito ativo da pesquisa, mas sempre considerando o protagonismo dos estudantes e das agricultoras nesse processo. Através de uma escuta sensível e de uma visão sistêmica, foi possível experienciar e avaliar o processo vivido pelos sujeitos. 

A construção dessa prática em si já nos trouxe um importante aprendizado, mas a experiência vivida foi exponencialmente enriquecedora, não somente para a pesquisadora e orientador, como também para os estudantes e as agricultoras. Antes de adentrarmos nas observações dessa prática, trazemos esse conceito de experiência que diz: É experiência aquilo que “nos passa”, ou que nos toca, ou que nos acontece, e ao nos passar nos forma e nos transforma. Somente o sujeito da experiência está, portanto, aberto à sua própria transformação” (BONDÍA, 2002, p. 25-26). Essa apresentação sobre o que é experiência diz muito sobre a prática realizada. Mas vamos então aos pontos principais que nos levam a construção de subjetividades críticas e de uma ciência popular: 

O diálogo de saberesA etnobotânica enquanto centro da nossa etapa em campo trouxe à tona um importante protagonismo dos sujeitos envolvidos, o que em outras práticas educativas o pesquisador é tido como a autoridade científica. Nesse espaço, o protagonismo foi compartilhado entre as agricultoras, detentoras dos saberes tradicionais, e os estudantes que traziam como bagagem o conhecimento científico oriundo do ambiente acadêmico. Estabeleceu-se aqui uma prática horizontalizada, que culminou numa marcante dialogicidade entre estudantes, pesquisadora e agricultorasA imagem a seguir traz alguns elementos do que tem sido descrito aqui 

 

Figura 02 – Registro fotográfico da atividade de campo realizada na comunidade Baixa do Mocó, Xique-Xique/Bahia. 


E:\Desktop\MP\PESQUISA EM AÇÃO\ETAPA 1 DA PESQUISA_ LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO\FOTOS DAS ESPÉCIES  01.02.2020\registros da visita\IMG-20200201-WA0020.jpg 

Caixa de Texto

- A oralidade: A oralidade é um dos principais elementos presentes em práticas científicas contra hegemônicas. Segundo Santos (2019), a oralidade apresenta uma dimensão performática, permitindo uma experiência sinestésica em que os demais sentidos como a visão, tato e paladar podem ser aguçadas. Isso foi identificado em diversos momentos no decorrer das 04 visitas, quando, por exemplo, a agricultura apresentava as propriedades medicinais do mastruz (Chenopodium ambrosioides) e um dos estudantes relatou o uso da planta quando sofrera um acidente. O estudante tocava com a mão no local afetado e sua expressão facial ao lembrar-se da ingestão da bebida contendo a planta deixava em evidência as diferentes sensações sentidas naquele momento 

A oralidade permite ainda perpassar por diferentes temporalidades de experiências concretas, que pode possibilitar numa reflexão sobre a memória daquele sujeito envolvido (SANTOS, 2019). As narrativas trazidas também trouxeram a problematização sobre os conhecimentos que podem ser encontrados para além do ambiente acadêmico. Como destacado em um dos enxertos do caderno de campo: Dona M. é uma pessoa maravilhosa que explica pra nós com calma e com isso voltamos sabendo de muitas coisas que não sabia (...)”.   

Dentro de uma espacialidade territorial, podemos encontrar um conhecimento que é transmitido através da linguagem oral e essa oralidade é fundamental para a compreensão do saber local. Esses saberes tradicionais presentes nos sujeitos do campo tendem a ser invisibilizados, numa lógica da ciência ocidental, onde se apresenta a imagem de um agricultor capaz de executar as atividades manuais do campo e que é desprovida capacidade cognitiva para construção de conhecimento. Essa concepção colonizadora precisa ser confrontada e problematizada para fugirmos do ciclo alienante do capital. 

“Curiosidade epistêmica e atitude problematizadora:” Trazemos esse trecho entre aspas por ter sido extraído das colocações de Carrillo (2013), que apresenta algumas concepções encontradas na abordagem freiriana. A descrição do trecho apontado por esse autor quando diz “... deve existir capacidade de assombro, disposição, vontade de pensar a partir de uma perspectiva crítica (CARRILO, 2013, p.27)”, aproximou-se de algumas atitudes observada entre os estudantes, ao longo das visitas às propriedades rurais. Os estudantes chegaram a questionar no início da atividade qual a real necessidade em realizar as visitas nas primeiras horas da manhã (as visitas foram agendadas aos sábados, por volta das 05h30minh, devido a uma melhor disponibilidade das agricultoras e ausência de atividades acadêmicas presenciais dos estudantes). No decorrer das práticas, eles fizeram uma reflexão sobre as condicionalidades ali imbricadas com o horário, como a menor incidência de raios solares que permitiam uma caminhada menos cansativa, dentre outros questões.  

Em um dos registros no caderno de campo encontramos: 

 

Iniciamos fazendo as medidas climáticas, logo após fomos conhecer as PANC da caatinga do local onde vi diversos tipos de planta e obtive informações que eu não tinha conhecimento... gostei muito dessa visita pois os proprietários nos recebeu de forma extraordinária e isso deu um ânimo para o nosso trabalho.  

 

Para finalizar as discussões nesse tópico, trazemos novamente Carrilo (2013, p.29) que nos diz que “a construção de um pensamento e de subjetividades alternativos só é possível a partir do diálogo entre pessoas...”. Entendemos reforçamos aqui a importância de todos nós, enquanto sujeitos envolvidos na pesquisa, termos nos aprofundado nessa experiência que apresenta caminhos promissores de uma práxis transformadora. 

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 


Fazendo agora o exercício de retorno ao objetivo proposto nesse relato, entendemos que algumas pistas foram apresentadas ao longo do texto e que elas podem ser refletidas, vivenciadas e experienciadas em outros espaços que dialoguem com diferentes sujeitos sociais com vistas à construção de uma educação emancipadora.   

Enquanto sujeitos da experiência conforme Bondía (2002), podemos afirmar que nos formamos e nos transformarmos, assim como os estudantes e agricultores que estiveram envolvidos na prática. As atividades realizadas em campo foram permeadas de trocas, diálogos, comunicação e aprendizado mútuo, elementos esses presentes na abordagem freiriana.  

A construção de uma ciência partindo da premissa a participação ativa e horizontalizada de estudantes e agricultoras enquanto sujeitos possibilita um alinhamento ideológico que permita confrontar o campo científico conservador que exerce uma lógica hegemônica dominante presentes em muitos espaços escolares. Deixamos aqui o convite para que outros educadores se engajem nesse processo de construção de uma ciência contrahegômica e anticolonial.  


Notas 

¹O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), conforme parecer n° 3.672.702.  O projeto também foi cadastrado no Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional Associado (SISGEN), conforme cadastro n° A31704F. 


 

REFERÊNCIAS 

 

ALBUQUERQUE, U.P.; LUCENA, R.F.P.; CUNHA, L.V.F.C. Métodos e técnicas para coleta de dados etnobiológicos. In: ALBUQUERQUE, U.P.; LUCENA, R.F.P.; CUNHA, L.V.F.C. (Org.) Métodos e técnicas na pesquisa etnobiológica e etnoecológica.  Recife/PE: NUPPEA, 2010. p.39-64. 

BONDÍA, J.L. Notas sobre experiência e o saber da experiência. Revista Brasileira de Educação, n.19, p.20-28, jan./abr., 2002. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbedu/n19/n19a02.pdf. Acesso em: 13 set.2020. 

 

BOURDIEU, P. Le champ scientifique. IN: ORTIZ, R. (Org.)Bourdieu – Sociologia. São Paulo: Ática, 183. p. 122-155. Disponível em: https://cienciatecnosociedade.files.wordpress.com/2015/05/o-campo-cientifico-pierre-bourdieu.pdf. Acesso em: 13 set.2020. 

 

CARRILO, A.T. A educação popular como prática política e pedagógica. IN: STRECK, D.R.; ESTEBAN, M.T.E. (Org.). Educação popular: lugar de construção social coletivaPetrópolis/RJ: Vozes, 2013. p.15-32. 

 

FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação. 8ª ed. Rio de Janeiro/RJ, Paz e Terra, 1983. 

 

KINUPP, V.F.; LORENZI, H. Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil: guia de identificação, aspectos nutricionais e receitas ilustradas. São Paulo/SP: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2014. 

PACHECO, E. Fundamentos político-pedagógicos dos institutos federais: diretrizes para uma educação profissional e tecnológica transformadora. Natal/RN: IFRN, 2015.  

 

ROCHA, J.A.; BOSCOLO, O.H.; FERNANDES, L.R.R.M.V. Etnobotânica: um instrumento para valorização e identificação de potenciais de proteção do conhecimento tradicional. Interações, Campo Grande, v. 16, n. 1, p. 67-74, jan./jun. 2015. 

 

SANTOS, B.S. Autoria, escrita e oralidade. In: SANTOS, B.S. O fim do império cognitivo: a afirmação das epistemologias do Sul. Belo Horizonte/MG: Autêntica Editora, 2019. p. 87-102. 

 

SAQUET, M.A. Saber popular, práxis territorial e contra-hegemonia. Rio de Janeiro/RJ: Consequência, 2019. 

 

TOLEDO, V.M.; BARRERA-BASSOLS, N. A memória biocultural: a importância ecológica das sabedorias tradicionais. São Paulo: Expressão Popular, 2015. 

 

VINUTO, J. A amostragem em bola de neve na pesquisa qualitativa: um debate em aberto. Temáticas, Campinas, v. 22, n.44, p.203-220, ago./dez. 2014. 

Comentários

  1. parabéns pelo projeto de pesquisa, o ponto chave foi a forma de trabalhar "com os sujeitos", pois como dizia Paulo Freire "o aprendizado não é de A para B, nem de A sobre B e sim de A com B".

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Kleide, bom dia! Desde já agradeço por ter lido o trabalho e pelo comentário redigido. Sua observação é muito pertinente para pensarmos nas nossas práticas educativas do cotidiano. Essa experiência propiciada pela pesquisa tem sido muito marcante para mim porque eu ainda não tinha sido provocada quanto a uma reflexão de uma educação emancipadora, uma vez que a minha formação enquanto nutricionista e minhas experiências profissionais não tinham abarcado essa discussão a contento. Gostaria de saber um pouco mais do seu cotidiano, Kleide! De onde você fala? Já vivenciou/vivencia contextos de educação dialógica em sua prática cotidiana?

      Agradeço desde já pelo seu compartilhamento!

      Excluir
  2. Muito interessante o uso da técnica snowball nesse contexto. Comumente se identifica os sujeitos participantes da pesquisa primeiramente e aqui vocês se permitiram descobrir esses sujeitos no percurso da pesquisa. Como o relato contempla uma parte da pesquisa, gostaria de saber como ocorreu a divulgação local e/ou regional desses conhecimentos sobre as plantas gerados com a pesquisa. Certamente esta pesquisa proporcionou um diálogo entre o IF e a população local e desconstruiu essa distância que se coloca entre a ciência e o conhecimento popular.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Josiane, bom dia! Desde já te agradeço pela leitura do relato e pelo registro do comentário. A técnica do snowball foi um recurso muito interessante na pesquisa primeiro porque eu não tinha um contato aproximado com as comunidades rurais do município e, nesse sentido, a indicação vinda de membros da comunidade é mais fidedigna por eles se conhecerem. Além disso, observou-se no momento da indicação uma demonstração de respeito para com o sujeito indicado e de reconhecimento de que esse sujeito também é um ser-no-mundo detentor de saberes. Com relação a divulgação dos resultados provenientes da pesquisa, esclareço que a pesquisa ainda está em andamento e com isso não foi possível divulgarmos os dados provenientes dessa atividade. A proposta que estamos desenvolvendo é da construção de um jogo analógico, juntamente com os estudantes envolvidos na pesquisa, a partir das informações obtidas durante o diálogo estabelecido com as agricultoras familiares. Com o contexto do distanciamento social, essa construção necessitou de uma adaptação, mas estamos trabalhando com uma previsão de conclusão e divulgação dos dados nos primeiros meses de 2021. Fiquei curiosa em saber: você já trabalhou com a técnica do snowball em alguma atividade educativa? Queria conhecer também um pouco da sua prática cotidiana. De onde você fala? Também trabalha com plantas? Conte-me um pouco da sua experiência.

      Desde já agradeço pelo seu compartilhamento!

      Excluir
    2. Oi, Gleice, eu não conhecia o método, fiquei conhecendo pelo trabalho de vocês. Não tenho muita experiência com pesquisa ainda e estou vivenciando isso com o Profept. Sou da área de artes, estou aqui no Acre e por aqui as plantas ocupam um papel importante na vida das pessoas.

      Excluir
    3. Que bacana ter uma colega do PROfEPT de outro estado interagindo! Apesar de ter tido um pouco de contato com a pesquisa na graduação (concluir a graduação em 2011), a experiência através do PROfEPT tem sido única. Primeiro pelo fato de estar numa posição enquanto pesquisadora (vem uma série de inseguranças, receio em cometer erros, dentre outras questões) e segundo porque nosso tempo é bem curtinho! Você já iniciou sua pesquisa? O que sua pesquisa pretende abordar?

      Mais uma vez agradeço pelo seu compartilhamento!

      Gleice de Oliveira Miranda

      Excluir

  3. Querida Gleice de Oliveira Miranda e querido Davi Silva da Costa
    Parabéns pelo trabalho.
    Muito pertinente e urgente as reflexões colocadas.

    Os conhecimentos produzidos no Instituto “Atende a que interesses? A quem? Em que medida a concepção de ciência adotada nos Institutos Federais (IFs) repercute em práticas educativas libertadoras?” As problematizações dessas questões se fazem necessárias. A descrição do projeto está muito potente.
    Eu fiquei pensando em um ponto e que transcende o relato: a produção local é inserida na dieta nutricional da comunidade do instituto federal? Eu só pergunto isso, porque as lideranças quilombola reivindicavam, no momento dos debates da construção das Diretrizes da Educação quilombola, aqui da Bahia, que a sua produção local fosse integrada na dieta nutricional das escolas. Esse era um pedido de todas comunidades. E o diálogo econômico-política-cultural se daria de maneira emancipatória. Ou seja, aquilo que se planta e colhe na comunidade fosse agenciado na comunidade escolar. É uma grande cilada política e cultural gritar em valorização das comunidades e, no entanto, os discentes saírem de suas comunidades para beberem suco de caixa ou comer enlatados na escola. Por isso, achei a pesquisa de vocês muito importante. Ela ataca um problema pertinente de ser enfrentado. A partir do debate nutricional é possível e necessário alinhar cultura e política. Parabéns!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Luiz Carlos, bom dia! Gostaria primeiramente de te agradecer pela leitura do nosso relato e pelo comentário redigido. A tua pergunta é muito pertinente e necessária. Infelizmente, ainda não dispomos da inserção da produção local no Instituto Federal e te explico o motivo. O campus Xique-Xique é considerado um campus em implantação (tem 04 anos de criação) e durante o seu processo de construção sofreu uma série de problemas que impactaram significativamente na infraestrutura. Um desses impactos foi na construção do refeitório. Nós ainda não dispomos de um refeitório e os estudantes atualmente realizam as refeições em uma sala de aula que é improvisada para atender a necessidade de se ter um espaço para comer. Como não temos condições de produzir refeições no campus, fazemos a aquisição de refeições prontas. Mas, após construção do refeitório (prevista para 2021) colocaremos em prática a inserção de produtos locais com toda certeza. Você trabalha com lideranças quilombolas? Queria saber um pouco sobre a sua experiência.

      Desde já agradeço pelo seu compartilhamento!

      Excluir
  4. Parabéns Gleice e Davi pelo belo trabalho. Valoriza a comunidade, as plantas nativas e reapresenta suas importâncias nutricionais com a participação ativa da pesquisadora e dos alunos. Fiquei curiosa em saber qual o produto educacional pensaram para trabalhar esses saberes.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Rosenir, bom dia! Agradeço desde já pela leitura do nosso relato e pelo comentário registrado. Com relação ao produto educacional, requisito obrigatório do Mestrado Profissional, estamos desenvolvendo um jogo analógico, contendo as informações obtidas na atividade de campo. A construção do jogo envolve a participação dos estudantes envolvidos na pesquisa e tem sido para mim um constante e divertido aprendizado. Com o distanciamento social, o processo de construção precisou ser adaptado, onde os encontros e discussões são realizados através de uma plataforma digital. Esse processo tem mostrado ainda o potencial criativo que esses jovens possuem e que por vezes, no nosso dia a dia, acaba sendo invisibilizado. Você também com estudantes? Gostaria de conhecer um pouco da sua experiência.

      Muito obrigada pelo seu compartilhamento!

      Excluir
    2. A pesquisa que estamos desenvolvendo também envolvem alunos(as) do ensino integrado, com a temática de gestão de impactos ambientais, a partir de uma sequência didática.
      Agradeço pelo interesse. E mais uma vez parabenizo a vocês pela importante pesquisa!!!

      Excluir
    3. Que bacana, Rosenir! Tenho aprendido muito com os estudantes que participam da pesquisa. Te parabenizo também pela sua pesquisa! Depois que te respondi fui dá uma olhada no seu texto e achei bem interessante a dinâmica. Pretendo deixar ainda minhas impressões nos comentários.

      Mais uma vez te agradeço pelo seu compartilhamento!

      Gleice de Oliveira Miranda

      Excluir
  5. Parabéns aos comunicadores deste relato!!!!

    Consegui visualizar um percurso de ações que contribuem de modo significativo com o desenvolvimento local e construído na valorização do é local. O diálogo entre o espaço acadêmico e os saberes tradicionais nega a ideia hegemônica de ciência que desqualifica outros saberes. Acredito que o produto reafirmará ainda mais a importância e o valor do conhecimentos "das mulheres e dos seus quintais".
    Construir um trabalho deste é se aproximar-se dos princípios FREIRIANOS. Compreenderam o que é a dialogicidade no dizer de Freire (1987), o encontro entre homens mediado pelo mundo. Mas, confesso que senti falta discussão deste e de outros conceitos de Freire que estavam embutidos na pesquisa.

    Uilma dos Santos Ramos
    Mestranda ProfePT IF Baiano - Campus Catu

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Uilma, bom dia! Agradeço desde já pela leitura do nosso relato e pelo comentário registrado. Sua crítica é muito oportuna e nos traz uma reflexão quanto a necessidade de estarmos mais atentos durante o processo de escrita, com o intuito de apontar todos os conceitos e elementos que sejam importantes para a compreensão do leitor acerca do tema relatado. Farei a incorporação desse ponto apresentado por ti antes da publicação na Revista. Gostaria de conhecer um pouco sobre a sua experiência: Trabalha também com os princípios freirianos? De que maneira?

      Muito obrigada pelo seu compartilhamento!

      Excluir
  6. Parabéns a Gleice e Davi pelo texto. Nele podemos nos aproximar de questões caras à formação dos jovens, e que traz a compreensão do sujeito em suas relações cotidianas. O texto grita o diálogo, a valorização dos saberes, a compreensão dos sujeitos sociais e aponta caminhos para identificação de territórios educativos.
    Parabéns!

    Adilton Silva Gomes
    Mestrando ProfEPT - IFBainao/Catu

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Adilton, bom dia! Desde já agradeço pela leitura do nosso relato e pelo comentário redigido. Seu ponto de vista é bem interessante e gostaria de saber se você também trabalha com jovens ou com outros sujeitos sociais. De onde você fala? Conte me um pouco da sua experiência.

      Muito obrigada pelo seu compartilhamento!

      Excluir
  7. Parabéns aos autores pelo trabalho. Que bom perceber esse movimento de abertura para os conhecimentos tradicionais no espaço consagrado como "científico", desse caminhar metodológico na construção da pesquisa com os sujeitos, de perceber a educação numa perspectiva freiriana, onde todos os saberes são válidos, onde a dialogicidade está presente no processo.
    A experiência relatada nos remete a refletir sobre que tipo de saberes e conhecimentos são considerados em nossas instituições, em nossos currículos? Que tipo de conhecimento é produzido e com qual interesse? Quem é reconhecido como produtor de conhecimento?

    Merilande de Oliveira Soares Eloi

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Merilande, bom dia! Te agradeço desde já pela leitura do nosso relato e pelo comentário redigido. Gostaria de conhecer um pouco sobre sua experiência. De onde você fala? Teve alguma experiência com saberes tradicionais?

      Muito obrigada pelo seu compartilhamento!

      Excluir
    2. Olá Gleice, boa tarde! Falo nesse momento como Técnica em Assuntos Educacionais do IF Baiano Campus Santa Inês, que tem interesses nessa área , despertada a partir de experiência anterior com a formação de professores denominados de "leigos" da zona rural e pelo acompanhamento do processo de construção junto aos sujeitos do Proeja em Alternância em Agropecuária.

      Excluir
    3. Maravilha, Merilande! Somos então colegas do IF Baiano! Já estive no campus Santa Inês e acho o trabalho de toda a equipe incrível. Não sei se você já possui o título de Mestrado, mas caso não tenha e esteja pensando em fazer, já deixo a minha sugestão para o Mestrado PROfEPT que é ofertado no campus Catu. Acredito que irá "casar" direitinho com o interesse que você colocou mais acima. Qualquer coisa pode entrar em contato comigo pelo e-mail institucional (gleice.miranda@ifbaiano.edu.br) que vamos dialogando.

      Mais uma vez agradeço pelo seu compartilhamento!

      Gleice de Oliveira Miranda

      Excluir
  8. Gostaria de parabenizar pelo relato e pelo belo trabalho desenvolvido! Aborda temas muito pertinentes e instigantes, nos fazendo refletir sobre a educação que fazemos e queremos. Além disso, trazer as PANCs na tessitura de todo o trabalho, sob a visão dos estudantes e das agricultoras, o torna mais rico e interessante. Parabéns e sucesso! Abraços, Eliane Silva de Queiroz

    ResponderExcluir