O PROFEPT NO IFSUL – CAMPUS CHARQUEADAS: EXPERIÊNCIAS DE UMA EDUCAÇÃO TRANSFORMADORA A PARTIR DE UMA CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA OMNILATERAL

 




Sandra Levien. Instituto Federal Sul-rio-grandense, Câmpus Camaquã. E-mail: sandralevienn@bol.com.br;
Davi Henrique Rosskopf. Instituto Federal Sul-rio-grandense Câmpus Camaquã. E-mail: davi.rosskopf@gmail.com.

 

Introdução

 

Este relato de experiência trata do processo formativo emancipatório e transformador vivenciado pelos autores enquanto mestrandos no Programa de Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT) ofertado pelo Instituto Federal Sul-rio-grandense – Câmpus Charqueadas – RS (IFSul) e, ao mesmo tempo, enquanto técnicos administrativos em educação (TAEs) também do IFSul, porém no Câmpus Camaquã - RS. O objetivo deste relato é divulgar as experiências e aprendizagens vivenciadas pelos autores no referido programa de mestrado e, principalmente, apontar as contribuições do ProfEPT para uma concepção de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) omnilateral, portanto, contra-hegemômica. De acordo com Saviani, 2008, as pedagogias hegemônicas são aquelas que concebem a educação no sentido da manutenção das condições vigentes de sociedade, alinhada aos interesses dominantes, já as pedagogias contra-hegemônicas são aquelas que encontram na educação uma forma de transformação da sociedade e de atendimento aos interesses dos dominados. O grande educador, Paulo Freire, foi um importante defensor e precursor das pedagogias contra-hegemônicas e que inspira grande parte das concepções pedagógicas que buscam uma educação não alienada, integral e libertadora, como o caso do ProfEPT no IFSul. 

O ProfEPT trata-se de um programa de mestrado semipresencial pertencente à área de ensino, que se desenvolve em rede, sendo coordenado nacionalmente pelo Instituto Federal do Espírito Santo – IFES. No ano de 2018, de acordo com o portal do ProfEPT IFES, o programa contava com 38 instituições de ensino federais associadas, espalhadas por todas as regiões do país (Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, Centros Federais de Educação Tecnológica e Colégio Pedro II),  ofertantes do curso de Mestrado em Educação Profissional e Tecnológica. O ProfEPT surgiu da necessidade de ofertar práticas educativas e de gestão escolar relacionadas e vinculadas as especificidades da EPT, com vistas a contribuir para a qualificação dos profissionais da própria Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (docentes e técnicos administrativos em educação) e também para a formação do público em geral nesta área. Diante disso, o processo seletivo, realizado nacionalmente e aplicado por cada instituição, abarca reserva de vagas para servidores da Redepara o público em geral, além de, em muitas das instituições federais ofertantescontemplar reservas de vagas de cotas raciais e para portadores de necessidades especiais, democratizando, assim, o acesso ao Programa. Para se ter uma dimensão da amplitude da oferta e demanda do curso, no último processo seletivo, realizado em 2019foram ofertadas 906 vagas, em todo o Brasil, para 34 mil candidatos inscritos, sendo assim o maior programa de mestrado do país (Portal ProfEPT IFES).  

Assim, diante da dimensão do Programa e da importância deste para a Rede Federal, estes autores, enquanto TAEs de um Instituto Federal (IF) e, portanto, profissionais da área da educação, mais especificamente da EPT, decidiram aproveitar essa valiosa oportunidade, que, a princípio, acreditavam ser apenas um momento de qualificação profissional e acadêmica, mas que, ao longo do percursomostrou-se como uma oportunidade de experimentar uma educação transformadora e libertadora, nunca antes vivenciadaLogo, em 2018, os autores realizaram o processo seletivo e obtiveram aprovação para o ProfEPT no IFSul – Câmpus Charqueadas. Em maio de 2020, concluíram o curso. Hoje são, portantomestres em educação profissional e tecnológica formados pelo Programa.  

Após toda a trajetória pessoal, acadêmica e profissional, vivenciada pelos autores no Programa, estes decidiram relatar brevemente, neste espaço, as suas experiências, bem como a compreensão da importância das ações, práticas e pesquisas, desenvolvidas ao longo desse processo formativo, para a construção e efetivação de um novo pensar e de uma nova forma de fazer a EPT. O curso embasou-se em uma educação profissional e tecnológica alinhada aos princípios de Gramsci, à construção de uma escola e educação para a classe trabalhadora, como defende Marx e, além disso, orientada pelos ideais de Paulo Freire quanto a uma educação transformadora, libertadora e emancipatória, em prol de uma educação integral.  

Antes de refletir sobre os momentos educativos vividos, é preciso compreender e reforçar o conceito de formação omnilateral (ou integral). Este tipo de formação trata-se daquela que pretende “formar o ser humano na sua integralidade física, mental, cultural, política, científico-tecnológica (CIAVATTA, 2014, p.190), logo, refere-se a uma educação completa do educando. Em relação à educação profissional e tecnológica omnilateral, esta deve ser concebida não só a partir das dimensões mencionadas por CIAVATTA, 2014, mas também no sentido freiriano, como aponta PACHECO, 2015, para que seja, então, um instrumento de liberdade, de compreensão das engrenagens sociais e do papel de cada sujeito nesse processo. Para isso é preciso que inclua as dimensões do trabalho, da ciência e da cultura, focadas no mundo do trabalho, no cidadão, e na formação humana integral e crítica, já que estas levam a transformação social (PACHECO, 2015). O ProfEPT, enquanto programa de formação para a EPT, mas também enquanto fruto da construção docente alinhada aos princípios da proposta de formação omnilateral, trata-se de uma ação da Rede Federal que visa trazer novos rumos à EPT, o que se experimentou e se confirmou por estes autores junto ao IFSul – Câmpus Charqueadas. 


Desenvolvimento: 


Este relato de experiência se refere à, praticamente, 2 anos de vivências dos autores, de agosto de 2018 à maio de 2020, no ProfEPT do IFSul – Câmpus Charqueadas, juntamente de outros 22 colegas mestrandos, sendo 12 servidores da Rede Federal e 12 mestrandos do público em geralO ProfEPT se desenvolve no espaço físico deste Câmpus, mas conta com a colaboração de docentes dos diversos Câmpus do IFSul, com diversas áreas de formação, o que agrega ao curso conhecimentos e diversidade de visões, opiniões e experiências. As aulas aconteciam, uma vez por semana, todas as sextas-feiras, das 8 da manhã às 8 da noite. No caso dos autores, para chegar aos encontros era preciso madrugar e viajar horas e horas da cidade de Camaquã-RS à cidade de Charqueadas-RS, o que tornava a jornada cansativa. Porém, ao chegar cedinho aos encontros, o cansaço e o esforço compensavam, pois nos deparávamos com docentes entusiasmados e prontos para tornar cada momento muito bem aproveitado.   

Para os membros da classe trabalhadora, ou seja, aqueles chamados por Antunes, 2009, como a “classe-que-vive-do-trabalho”, a qual também pertencem os profissionais da educação como os TAEs, por exemplo, conciliar o trabalho com o avanço nos estudos não é fácil e nem sempre é possível. As oportunidades são escassas, pois, na maioria das vezes, impossibilitam a manutenção do emprego e a continuidade dos estudos ao mesmo tempo, o que dificulta qualquer tipo de qualificação em níveis mais altos de ensino, além de prejudicar sonhos, expectativas e desejos de seres humanos dotados de subjetividades. Porém é preciso reforçar que apesar da educação, nesta sociedade, ser fortemente influenciada pelos interesses capitalistas que visam a reprodução das condições vigentes, ela é também de interesse da classe trabalhadora, que deve se aproveitar dela e, por meio dela, buscar ferramentas para superar o modo de produção capitalista (FRIGOTTO, 2006 p. 241).  Assim, o ProfEPT, além de oferecer as condições para que se pudesse conciliar o tempo de trabalho com o tempo de estudo, devido ao fato de ser ofertado na modalidade semi-presencial e/ou por ser considerado um curso de qualificação profissional, trata-se de uma formação efetiva de educação profissional e tecnológica, seja pelo exemplo que dá em sua oferta e permanência, voltada à atender as especificidades e particularidades dos trabalhadores, seja pela concepção de educação e de EPT que oferece. Somente assim este mestrado foi possível dser cursado por estes autores trabalhadores.  

Como dito anteriormente, os autores, antes de serem discentes do ProfEPT, são TAEs do IFSul e, em tais funções, desenvolvem e contribuem, por meio das atividades-meio (atividades de suporte ao ensino, pesquisa e extensão) com a EPT desenvolvida no Câmpus onde atuam, juntamente dos docentes. Porém, nem sempre a concepção de EPT que se tem vai ao encontro de uma proposta libertadora, transformadora e omnilateral em nossa Rede, por isso é necessário um constante alinhamento e aperfeiçoamento para que todos os profissionais da educação caminhem em uma mesma direção. No caso dos IFs, local de trabalho e de qualificação acadêmica dos autores, “o centro desta missão é seu compromisso com as políticas públicas em um determinado território visando ao seu desenvolvimento com melhoria na qualidade de vida da população (PACHECO, 2015, p.35), portanto, trata-se de uma EPT que vai ao encontro de propostas sociais e modos de transformação da sociedade. Logo, refere-se a uma educação contra-hegemônica, pois, como afirma Saviani, 2008, apenas esta tem a preocupação com os dominados e suas mazelas 

Certamente uma educação profissional como política pública para a classe trabalhadora não é uma EPT tecnicista, pontual, mercadológica e despreocupada com as desigualdades sociais que afligem os brasileiros. Apesar disso, muitas vezes, até mesmo na Rede Federal, não se caminha para uma proposta educacional para as classes dominadas. Vivemos em uma sociedade capitalista, inculcada de estratégias e ideologias para a defesa do capitalismo, inclusive na educação, portanto, a tendência “natural”, nesta sociedade, é o alinhamento a esta visão de mundo. Em relação a isto, Antunes, 2009, afirma que até mesmo o trabalho intelectual, como o de docentes e de TAEs, por exemplo, pode ser alienado, por isso é preciso que se construa formações pedagógicas em uma proposta de educação omnilateral e se abandone a cultura da educação unilateral (que não forma na completude de sujeito), defendida pelo capitalismoTambém os autores deste relato concebiam, anteriormente ao ingresso no Programa, uma EPT em uma concepção capitalista. E foi esta mudança, de uma EPT alinhada as ideologias capitalistas, para uma EPT em uma concepção omnilateral, que fez do ProfEPT uma experiência de educação transformadora. 

Assim, mesmo sendo profissionais da educação de um IF, os autores chegaram ao curso de mestrado um tanto vazios em seus conhecimentos sobre a EPT em uma perspectiva omnilateral e, principalmente, sobre as verdadeiras intenções da EPT na Rede Federal. Apesar de compreenderem a relevância do papel da Rede para a educação brasileira, o conceito formulado de EPT, na mentalidade dos autores, era fortemente alinhado ao mercado de trabalho e ao tecnicismo. Tratava-se, portanto, de uma concepção tradicional de EPT. Apesar disso, as expectativas em cursar um mestrado eram muitas, pois atingir os níveis mais altos do ensino é essencial não só para as atividades de trabalho de cada um, mas também para o próprio desejo humano de evoluir em todos os sentidos e realizar seus sonhos e desejos. Como afirma Freire, 1998, enquanto homens e mulheres, seres de aprendizagens, aprender pode ser uma aventura criadora de construção, reconstrução, de mudança e que leva à abertura para o risco e à aventura do espírito (FREIRE, 1998), por isso, estes autores, estavam empolgados e abertos ao novo, o que fez do mestrado um momento prazeroso. 

Ao longo do curso, as disciplinas eram muito bem estruturadas e apresentadas sob a forma de diálogos, discussões refletidas, seminários e com muitas leituras, onde fomos apresentados a autores como Gaudêncio FrigottoMarise Ramos, Dermeval Saviani, Maria Ciavatta, Eliezer Pacheco, Ricardo Antunes, entre outros grandes pesquisadores da EPT e do mundo do trabalho, que trabalham em uma perspectiva diferenciada e crítica, em uma concepção de EPT onmilateral, integral, social, humana, alinhada aos interesses dos trabalhadores. Esta visão e concepção de EPT era desconhecida para muitos de nós. Desde as leituras sugeridas para o processo seletivo até o final do curso, defende-se e argumenta-se uma concepção de EPT alinhada aos princípios da formação humana omnilateral, de modo que se efetiva em um espaço de contradição ao tecnicismo puro, à tecnologia pela tecnologia, aos interesses exploratórios do mercado de trabalho e as condições vigentes de uma sociedade desigual. Ao trazer uma proposta alinha aos interesses da classe trabalhadora, trata-se de espaço propício para a passagem de uma democracia formal para uma democracia real, já que inclui a todos e de forma igualitária no processo de discussão sobre a sociedade em que se vive (KUENZER; GRABOWSKI, 2006). Além disso, assume o trabalho como referência, o que significa uma “articulação entre trabalho intelectual e trabalho manual e, envolve, também, uma formação a partir do próprio trabalho social, sempre entendido como uma totalidade” (GRABOWSKI, 2014, p.55).  Mais tarde, com as pesquisas realizadas pelos autores, no contexto dos IFs e da EPT, juntamente dos professores orientadores, adquiriu-se muitos conhecimentos científicos, tecnológicos e, principalmente, humanísticos. Assim, foram nos apresentando uma EPT como política pública, já que compreende uma visão de bem comum, de coletividade em sua proposta, transcendendo a concepção histórica de educação para o treinamento, preparação de mão-de-obra, qualificação etc. (GRABOWSKI, 2014). Neste contexto de educação transformadora é que estes autores se formaram mestres em EPT, o que não só significa papel e compromisso educacional, como também um papel social.   

Diante disso, o curso de mestrado em EPT no IFsul – Câmpus Charqueadas constitui-se em uma importante ferramenta na luta contra-hegemômica na área da educação, se opondo a uma educação para a dominação, como afirma Freire, 1987 já que luta contra a educação ingênua e contra a formação de educandos ingênuos nesta sociedade onde são, muitas vezes, “indotrinandos para a acomodação no mundo de opressão por desejo das elites (FREIRE, 1987).    

Deste modo, o ProfEPT no IFSul – Câmpus Charquedas contribui de forma essencial para a qualificação dos seus servidores, ao formar mestrandos mais humanos, mais comprometidos com uma educação integral e menos reprodutores das condições vigentes de sociedade capitalista, além de conceber e efetivar a realização de uma EPT realmente vinculada a uma proposta de educação para a vida e para a compreensão do mundo do trabalho. 


Considerações finais

 

Ao apresentar as experiências e vivências desses autores, durante o curso de mestrado do ProfEPT, e ao apresentar uma nova realidade possível de  EPT, exemplifica-se a possibilidade de mudar os rumos da educação brasileira, principalmente no que diz respeito à mudança na concepção de educação profissional, que não pode mais ser apenas fonte de formação de mão de obra para o mercado de trabalho e para as elites. A EPT deve ser política pública em ação! Para isso, como menciona Paulo Freire, é preciso ter “rebeldia” para mudar (FREIRE, 1987).  

A EPT concebida e ensinada pelos docentes do Programa e vivenciada pelos autores no ProfEPT do IFSul - Câmpus Charqueadas é, sem dúvida, forma de superação das amarras da sociedade capitalista e do trabalho que explora e que aliena e, portanto, meio de emancipação e libertação dos oprimidos, como sugere também Freire, 1987. Estes autores entraram no curso alinhados a uma proposta tradicional e hegemônica de educação e saíram, sem dúvida, transformados em suas concepções de educação e de EPT, graças ao Programa. 

Essa experiência precisa ser reproduzida e experimentada por outros Programas e por outras instituições de ensino, aproveitando-se desta oportunidade única e transformadora advinda do ProfEPT, em que a educação é transmitida e vivenciada como uma prática estritamente humana, que tem alma, sentimentos, emoções, desejos e sonhos, mas que também preserva o devido rigor indispensável a disciplina intelectual (FREIRE, 1998). O ProfEPT, sem dúvida, é um ganho para a educação, é um ganho para a sociedade e é um ganho para a humanização

 

Referências

ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a qualificação e a negação do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2009. 

CIAVATTA, Maria. O ensino médio integrado, a politecnia e a educação omnilateral. Por que lutamos? Trabalho & Educação, Belo Horizonte, v.23 n.1,  p. 187-205,  jan-abr,  2014. 

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 7° ed, 1998. 

_____________. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 17° ed, 1987.  

FRIGOTTO, Gaudêncio. Fundamentos Científicos e Técnicos da Relação Trabalho e Educação no Brasil de hoje. In: Fundamentos da Educação Escolar no Brasil Contemporâneo. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ/EPSJV, 2006. 

GRABOWSKI, Gabriel.  Gestão e planejamento da educação profissional e tecnológica. Curitiba: Instituto Federal do Paraná, 2014. 

KUENZER, Acácia Zeneida; GRABOWSKI, Gabriel. Educação Profissional: desafios para a construção de um projeto para os que vivem do trabalho. Perspectiva, Florianópolis, v. 24, n. 1, p. 273-296, jan/jun. 2006. 

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. ProfEPT IFES. Disponível em: <https://profept.ifes.edu.br/>. Acesso em 10 jul. 2020. 

PACHECO, Eliezer. Fundamentos Político-Pedagógicos dos Institutos Federaisdiretrizes para uma educação profissional e tecnológica transformadora. Natal: IFRN, 2015.

SAVIANI, Dermeval. Teorias Pedagógicas Contra-hegemônicas no Brasil. Revista do Centro de Educação e Letras, UNIOESTE Câmpus Foz do Iguaçu, v. 10 - nº 2 -p. 11-28, 2º sem. 2008. 

Comentários

  1. Maria Aparecida Brito OLiveira21 de setembro de 2020 às 09:53

    Prezados autores, parabéns pelo trabalho e pelo curso de mestrado desenvolvido. Meu questionamento vai na direção da reflexão tecida por vocês no artigo. Nesse sentido gostaria de saber o que mudou do ponto de vista da atuação enquanto TAE's na instituição que vocês trabalham após a conclusão do curso de mestrado? O que de fato alterou na prática e na perspectiva teórica? O que mudou na relação com os sujeitos da escola: discentes, docente e demais servidores?. Grata, Maria Aparecida Brito Oliveira.

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    1. Olá Maria, agradecemos muito pelo interesse em nosso relato e pelas perguntas! Bem, vamos às questões levantadas, individualmente:

      “O que mudou do ponto de vista da atuação enquanto TAE's na instituição que vocês trabalham após a conclusão do curso de mestrado?”

      Mesmo com longas trajetórias como servidores da EPT (um dos autores tem mais de 7 anos e o outro, praticamente, 3 anos nesta atividade) a concepção que se tinha da EPT era fortemente alinhada aos interesses hegemônicos da sociedade capitalista, ou seja, entendia-se que a função principal da instituição era formar “mão-de-obra” para atender às “demandas” do “mercado de trabalho”. Como consequência desse “mecanismo”, entendia-se que o trabalhador/educando formado por uma instituição como o IFSul, por exemplo (reconhecida por sua excelência na educação oferecida), seria mais “valorizado” por este mercado e, consequentemente, teria melhores oportunidades e condições de vida, numa concepção ingênua que vislumbra a “meritocracia” e a individualidade como o caminho para melhores condições sociais. Assim, o que mudou em nossos pontos de vista foi o fato de passar a ver a centralidade da EPT para a vida dos estudantes, para os futuros trabalhadores, ou seja, compreender que a educação deve atender às demandas destes sujeitos e de sua formação integral, omnilateral e não as demandas de um mercado de trabalho que visa, normalmente, explorar e alienar o trabalhador. A formação completa dos sujeitos trata-se de uma formação de cidadãos conscientes, participantes e não alienados. Consequentemente, essa educação, que mesmo não sendo voltada diretamente às demandas do mercado de trabalho, acaba formando profissionais de alto nível que, muitas vezes, são aproveitados pelo mercado de trabalho. Assim, “atender o mercado de trabalho” torna-se mais uma consequência do ensino oferecido do que o objetivo central. Logo, nossa atuação, enquanto TAEs, passou a levar em conta a real missão da EPT que oferecemos em nossa instituição, bem como o nosso papel de promotores desta política pública voltado aos trabalhadores.

      “O que de fato alterou na prática e na perspectiva teórica?”

      O trabalho técnico administrativo, muitas vezes, tende a ser bastante alienado de seu próprio sentido, de sua importância dentro do conjunto de atividades que compõem a estrutura necessária para se alcançar o “produto” final da instituição, que é a formação integral do estudante. Assim, qualquer instituição que vise o trabalho como principio educativo e a formação integral de seus alunos/futuros trabalhadores, deveria começar por proporcionar uma visão omnilateral de EPT aos seus próprios trabalhadores, pois somente assim é possível aproveitar na plenitude os esforços individuais de cada servidor em um mesmo sentido: uma EPT que vise à educação integral, omnilateral dos sujeitos. Porém, geralmente, não se observa esta preocupação institucional com os trabalhadores da EPT e isto inclui não apenas os TAEs, mas também os docentes, já que existem casos de bacharéis com alto grau tecnicista e também docentes com formação pedagógica que não compreendem e, portanto, não promovem a formação integral do educando. Assim, pode-se dizer que, o que foi alterado de fato, inicialmente, é a própria perspectiva que se tem diante da visão do que é realmente a EPT e sua proposta para a sociedade. E isto, certamente, se traduz em mudanças de postura que se refletem em processos “técnicos-administrativos-educacionais” e pedagógicos cada vez mais alinhados a esta proposta de EPT. Além disso, o curso proporcionou o reconhecimento do TAE para o funcionamento escolar e como parte integrante e fundamental da EPT, juntamente dos docentes, em uma perspectiva de escola enquanto espaço de construção coletiva, como afirma Paro (2011).

      Continua… (Devido a limitação em 4096 caracteres pelo “Blogger”, responderemos em 2 partes!)

      Davi Henrique Rosskopf
      Sandra Levien

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    2. “O que mudou na relação com os sujeitos da escola: discentes, docente e demais servidores?”

      Infelizmente, a conclusão do mestrado pelos autores já ocorreu em meio ao contexto da pandemia, o que, como é de conhecimento, prejudicou esta proximidade entre os sujeitos, o que inviabiliza, neste momento, qualquer análise possível para responder este questionamento. Entretanto, as pesquisas desenvolvidas pelos autores contaram com a participação de muitos colegas, que foram colocados frente a vários dos temas relacionados na perspectiva desta EPT e que forneceram “feedbacks” muito positivos no sentido de mudanças em suas próprias visões de EPT, o que certamente refletirá em contribuições nas relações entre estes sujeitos da escola!

      Mais uma vez agradecemos pelo interesse e pelas perguntas e esperamos que nossas respostas tenham contribuído para esclarecer as dúvidas!

      Atenciosamente,

      Davi Henrique Rosskopf
      Sandra Levien

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  2. Parabéns pelo trabalho apresentado. São importantes as abordagens pedagógicas contra-hegemônicas em curso de formação, tendo em vista que a educação é, fundamentalmente, um processo social. Contudo, a formação profissional e tecnológica possui raízes em pedagogias que privilegiam a formação de força produtiva, de mão-de-obra para o mercado de trabalho.

    Voltando-nos para o projeto Pedagógico Institucional do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (2019), a sua concepção político-pedagógica é “um processo permanente de formação integral que abrange as dimensões ética, estética, política, científica, tecnológica e se constitui nas relações entre os sujeitos em seus diferentes contextos”. Contudo a educação profissional, técnica e tecnológica é “entendida como um processo formativo pelo qual o conhecimento científico adquire, para o sujeito, o sentido de força produtiva, traduzindo-se em técnicas e procedimentos, a partir da compreensão dos conceitos científicos e tecnológicos”.

    Questionamos:
    1) Não seria contraditório formar para atender às necessidades do próprio sistema econômico criticado pelas tendências pedagógicas contra-hegemônicas, o sistema capitalista? Formar força produtiva, significa formar expropriados dos meios de produção, exatamente a classe que acumula capital e para isso fomenta a marginalização, a exclusão, a exploração dos detentores da força de trabalho.

    Mesmo segundo Pacheco (2015), como citado no trabalho, que identifica a missão com o compromisso com as políticas públicas visando melhoria na qualidade de vida, questionamos:

    2) Essas políticas públicas conservam a sua natureza verticalizada? Essas melhorias são dadas ou são pensadas em conjunto com aqueles que delas necessitam?

    3) Assim sendo, quais foram, de fato, as experiências objetivas vivenciadas no processo formativo no Programa de Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT) que conduziram os formandos à transformações teórico-práticas?

    4) Disciplinas bem estruturada, diálogos, discussões refletidas, seminários e leituras, de fato garantem uma formação emancipatória e transformadora? Como validar essa afirmação? Como isso se refletiu na prática? Freire (1987) e Saviani (2001) são enfáticos ao afirmarem que apenas na práxis é possível a superação das condições de opressão e marginalidade.

    Ana Isabel Leite Oliveira

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    1. Olá Ana!

      Primeiramente gostaríamos de agradecer imensamente pelos seus comentários e questionamentos que nos permitem expandir nosso Relato de Experiência para além do limite estabelecido pelo evento e ainda nos proporcionar este importante debate sobre a EPT, que muito nos interessa.

      Inicialmente desejamos debater sobre a afirmação que você traz sobre as raízes da EPT como estando em pedagogias alinhadas à formação para o mercado de trabalho. Discordamos em parte de sua afirmação, já que a história da educação profissional é anterior a institucionalização da educação, isto é, anterior ao surgimento da figura da escola, como afirma Manfredi (2002) ou Saviani (2007). Educação e trabalho nascem como atividades atreladas e complementares na história da humanidade, isto é, nas comunidades primitivas, por exemplo, o homem aprendia enquanto trabalhava e vice-versa. Não havia uma separação entre educação e trabalho. Portanto, a educação no trabalho tem sua origem em uma formação para a vida, para modificar a natureza, para a sobrevivência, para desenvolver subjetividades, o que foi se perdendo ao longo da história e desenvolvimento da sociedade. Primeiramente com o desenvolvimento dos modos de produção e, mais tarde, com o surgimento das classes, tudo isso, leva a institucionalização da educação (para atender às elites). Assim, vai se constituindo uma educação para as elites nas escolas, focadas no conhecimento teórico, científico para exercer funções de controle e comando na sociedade, e uma educação inicialmente assistencialista e, mais tarde, alinhada às demandas produtivas, para os trabalhadores. Desta forma surge a educação profissional visando atender aos interesses do mercado de trabalho e do sistema produtivo, com pedagogias que defendem essa função da educação para os mais pobres. Logo, acreditamos e concordamos com Manfredi (2002) e Saviani (2007) que as origens da educação profissional vem da formação do próprio homem, como afirma Antunes (2009), da formação integral do homem, do estímulo das subjetividades humanas através do trabalho e da aprendizagem, ou seja, da educação no e para o trabalho. Certamente, concordamos que com a institucionalização da educação, baseada em interesses burgueses, a educação profissional torna-se instrumento de alienação do trabalhador e de submissão aos interesses dos dominantes. E, certamente, esta ainda seja a ideia hegemônica de EPT em nossa sociedade. Mas, se regatarmos as origens da educação profissional, acreditamos que a educação e o trabalho voltarão a ter sentido para o homem e para a transformação social.

      Em relação à concepção político-pedagógica do IFES não temos como debater o assunto, já que nosso trabalho se refere ao nosso percurso enquanto estudantes e servidores do IFSul (Rio Grande do Sul). Apesar dos IFs fazerem parte de uma mesma Rede, cada instituição guarda sua autonomia, prevista em Lei, e suas peculiaridades, mas, certamente, todos buscam oferecer o melhor ensino possível.


      Continua… (Devido a limitação em 4096 caracteres pelo “Blogger”, responderemos em 4 partes!)

      Davi Henrique Rosskopf
      Sandra Levien

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    2. Feitas as considerações iniciais, vamos responder cada um dos seus questionamentos:

      1) Não seria contraditório formar para atender às necessidades do próprio sistema econômico criticado pelas tendências pedagógicas contra-hegemônicas, o sistema capitalista? Formar força produtiva, significa formar expropriados dos meios de produção, exatamente a classe que acumula capital e para isso fomenta a marginalização, a exclusão, a exploração dos detentores da força de trabalho.

      Acreditamos que este questionamento seja baseado em suas reflexões sobre a proposta pedagógica do IFES, a qual não temos nenhuma relação.

      Caso tenha interesse, a missão do IFSul, no PDI (2020-2024), é:

      “Implementar processos educativos, públicos e gratuitos de ensino, pesquisa e extensão que possibilitem a formação integral mediante o conhecimento humanístico, científico e tecnológico e que ampliem as possibilidades de inclusão e desenvolvimento social” (PDI IFSul, 2020-2024, p.19).

      Logo, nossa instituição (o IFSul) tem o foco na formação integral do educando e acredita que a entrada do estudante/trabalhador no mercado de trabalho seja apenas uma consequência da qualidade do ensino oferecido pela instituição. Nossa missão é com a inclusão e o desenvolvimento social, que não se atinge sem a formação do cidadão não alienado. A formação para o mercado de trabalho não é o objetivo do IFSul, justamente devido ao caráter contraditório que você cita em seu questionamento.

      Continua… (Devido a limitação em 4096 caracteres pelo “Blogger”, responderemos em 4 partes!)

      Davi Henrique Rosskopf
      Sandra Levien

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    3. 2) Essas políticas públicas conservam a sua natureza verticalizada? Essas melhorias são dadas ou são pensadas em conjunto com aqueles que delas necessitam?

      A proposta de Pacheco (2015) para a educação profissional e tecnológica como política pública “representa trabalhar na superação da representação existente: a de subordinação quase absoluta ao poder econômico (PACHECO, 2015, p.18)”. Apesar disso, Pacheco (2015) cita em alguns momentos, que esta mesma EPT, atende as demandas produtivas de nossa sociedade, o que parece contraditório. Porém, em Marx, acreditamos que a construção de uma nova escola dificilmente ocorrerá sem que se aproveite das contradições do Capital. Se, em meio ao atual pensamento hegemônico de educação, propusermos uma escola que se propõe a implantar a politecnia, a educação para a vida, para o mundo do trabalho, para a não alienação, para a luta contra o capital, certamente, a resistência será grande e, dificilmente, esta escola sobreviverá nesta sociedade. Por isso, apesar de não ser o objetivo dos IFs, as demandas produtivas são atendidas mesmo que indiretamente e isto mantém a estrutura dessas escolas nesta sociedade. Não há como ignorar isso! Os IFs ainda não são as escolas de formação integral que deveriam ser, mas caminham para ela. A escola ideal, para atender apenas as demandas do trabalhador, ainda é, sem dúvida, uma utopia.

      O trecho abaixo de Pacheco (2015) vai neste sentido e mostra os desafios dos IFs e da educação profissional que se deseja:

      “Para compreender o significado desse novo cenário, é importante lembrar que as instituições federais, em períodos distintos de sua existência, atenderam a diferentes orientações de governos, que possuíam em comum uma concepção de formação centrada nas demandas do mercado, com a hegemonia daquelas ditadas pelo desenvolvimento industrial, assumindo, assim, um caráter pragmático e circunstancial para a educação profissional. Pensar os Institutos Federais do ponto de vista político representa a superação de visões reducionistas e a instituição de uma política pública que concorra para a concretização de um projeto viável de nação para este século. Significa, portanto, definir um lugar nas disputas travadas no âmbito do Estado e da sociedade civil. Esse “lugar” é o território, arena de negociações nos processos políticos decisórios, espaço – para além das fronteiras geopolíticas – onde se constroem e se estabelecem identidades e o sentimento de pertencimento.” (PACHECO, 2015, p.17-18)

      Portanto, a EPT como política pública, é pensada para os trabalhadores, mas ainda não é totalmente posta em prática, acreditamos que ainda não existam instituições de ensino totalmente contra-hegemônicas mantidas pelo governo. Mas queremos caminhar para isso!

      Continua… (Devido a limitação em 4096 caracteres pelo “Blogger”, responderemos em 4 partes!)

      Davi Henrique Rosskopf
      Sandra Levien

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    4. 3) Assim sendo, quais foram, de fato, as experiências objetivas vivenciadas no processo formativo no Programa de Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT) que conduziram os formandos à transformações teórico-práticas?

      As experiências objetivas vivenciadas no ProfEPT, oferecido pelo IFSul e pelos docentes do IFSul, foram no sentido de participar de um ensino e de pesquisas, no campo da EPT, muito próximas da EPT que vislumbramos para nós trabalhadores e que nos fez modificar muitas de nossas posturas alienadas pela educação tradicional e pela sociedade capitalista. Tornamo-nos trabalhadores conscientes de nosso papel social e muito se deve ao curso que realizamos e à nossa vontade e entusiamo em modificar nossas ações e nossas convicções e isto só se consegue através de uma experiência de educação omnilateral.


      4) Disciplinas bem estruturada, diálogos, discussões refletidas, seminários e leituras, de fato garantem uma formação emancipatória e transformadora? Como validar essa afirmação? Como isso se refletiu na prática? Freire (1987) e Saviani (2001) são enfáticos ao afirmarem que apenas na práxis é possível a superação das condições de opressão e marginalidade.

      Disciplinas bem estruturadas, diálogos, discussões refletidas e leituras não garantem uma formação emancipatória e transformadora, estes termos foram usados apenas como exemplos de práticas que ocorreram em nosso curso. Porém, no nosso caso, estas estratégias e práticas pedagógicas foram extremamente importantes para nossa formação, já que foram realizadas por docentes comprometidos com a proposta de formação integral e que despertaram em nós uma formação muito além da EPT tradicional. Este trabalho trata-se de um Relato de Experiência e, como tal, relata nossas experiências que, de acordo com Larossa (2002), é definida como aquilo que nos passa, nos acontece e nos toca, assim a educação trata-se de um processo cujo sentido se dá pela experiência vivida e, portanto, é individual e, ao mesmo tempo coletiva.
      Para nós a EPT se constitui justamente na práxis, como você lembra, pois aprendíamos em nossa instituição, sendo servidores desta instituição, com docentes que também são nossos colegas de trabalho e sobre aquilo que fazíamos em nosso trabalho. Não há como validar nossas experiências e afirmações, já que cada experiência é particular, é subjetiva. Nossa experiência foi de uma educação profissional e tecnológica transformadora e omnilateral e não pretendemos afirmar que todos terão a mesma experiência. Cada pessoa terá sua experiência única no ProfEPT!

      Esperamos ter esclarecido suas dúvidas e, mais uma vez, agrademos a oportunidade de dialogar, debater em prol da construção da nossa educação.

      Atenciosamente,

      Sandra Levien
      Davi Henrique Rosskopf

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  3. Parabéns pelo relato. Sou mestranda do PROFEPT da Paraíba e fui contemplada com vários comentários expressos nesse relato. Como essa formação adquirida a partir das disciplinas ofertadas influenciaram o produto educacional desenvolvido por vocês?

    Tatiana Losano de Abreu

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    2. Olá Tatiana!
      Ficamos muito felizes por se identificar com nosso relato e agradecemos a sua participação neste espaço. Sobre o produto educacional, no nosso caso e na nossa experiência no IFSul, as disciplinas ofertadas pelo curso foram fundamentais, pois além de darem o suporte teórico, necessário para a concepção de EPT e de proposta pedagógica adotada em cada produto, foram extremamente úteis para colocar as aprendizagens em prática, quando da elaboração do produto, facilitando o processo. Mas, certamente, as disciplinas só foram tão importantes graças aos nossos excelentes professores!

      Sandra Levien
      Davi Henrique Rosskopf

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    3. Realidade bem parecida com o que vivenciei por aqui. Eu acredito que o alinhamento ideológico do programa merece destaque. Como vocês mesmo colocaram, foi o conjunto das disciplinas que possibilitou o avanço de consciência crítica. Parabéns.
      Tatiana Losano de Abreu

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  4. Parabéns pelo trabalho de vocês! Gostaria de saber se no ProfEPT, realizado no IFSul, existia uma disciplina específica sobre os ensinamentos de Paulo Freire ou se os entrelaçamentos relatados por vocês ocorreram de forma "natural" durante o processo de formação. Achei muito interessante as reflexões sobre a experiência de formação vivenciada por vocês, pois percebe-se, claramente, no relato, que ela foi alinhada, na teoria e na prática, à proposta de Freire.

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    1. Olá Cláudia, agradecemos os elogios e o comentário!

      No nosso caso não tivemos nenhuma disciplina específica sobre Paulo Freire, porém ele sempre esteve no discurso de muitos dos docentes e disciplinas do curso. Além disso, como somos licenciados (e uma boa licenciatura não pode deixar de lado Paulo Freire em função de sua importância para a educação), ficou mais fácil fazer este entrelaçamento entre as aprendizagens no ProfEPT e os ensinamentos de Paulo Freire.

      Atenciosamente,

      Davi Henrique Rosskopf
      Sandra Levien

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  5. Olá, Sandra e Davi!

    Belíssimo relato acerca do percurso formativo no PROFEPT! Tendo em vista que sou professora na rede municipal em Cruz das Almas/BA e TAE em uma universidade federal, percebo uma dicotomia mais acentuada entre o saber e o fazer nesse último, e concordo com vocês no sentindo de que a atividade “técnica” tende a perpassar por concepções ainda muito alienadas de trabalho. Entretanto, enquanto trabalhadores e trabalhadoras na/da educação, devemos, de fato, fortalecer nossas intenções e intensificar nossas vozes nesse território formativo que é a escola/ universidade. E para isso, vocês lembraram bem: é preciso ter “rebeldia” segundo Freire.

    Acredito fortemente que o caminho para uma educação mais emancipatória se articula com toda a comunidade escolar e, inclusive, com as experiências formativas que acontecem fora desse espaço e em conexão com os sujeitos em suas subjetividades. Nem sempre as mudanças são palpáveis quando consideramos as condições educacionais e sociais vigentes, mas a modificação do olhar em relação aos processos formativos é o primeiro passo sem o qual outras alterações não são possíveis.

    Diante disto e considerando que a categoria trabalho é dimensão fundamental da formação omnilateral, gostaria que vocês detalhassem um pouco mais sobre de que maneira as experiências formativas no PROFEPT reformularam sua visão de trabalho no contexto da EPT e das atividades técnicas-administrativas-educacionais.

    Joseane da Conceição Pereira Costa

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    1. Olá Joseane!
      Agradecemos muito seu comentário e suas reflexões! Como TAEs, certamente, nossa concepção sobre a categoria trabalho foi (re)formulada e passamos a compreender nosso próprio trabalho como uma atividade fundamental para que hajam as condições para que a EPT se estruture em nossa instituição. Hoje, nos consideramos profissionais da educação, assim como os docentes, guardando as especificidades, é claro, do cargo de TAE. Percebemos também a importância de que todos, docentes e profissionais não docentes, se compreendam como partes integrantes e fundamentais dos IFs e da EPT, pois, somente assim, a escola torna-se espaço social, isto é, de construção coletiva.
      Abraço e esperamos ter respondido sua pergunta!

      Sandra Levien
      Davi Henrique Rosskopf

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  6. Boa tarde! Caros colegas, parabenizo e agradeço vocês pelo relato. Sou mestranda do ProfEPT Campus Palmas/Tocantins e sou uma apaixonada por este programa, que nos contempla com uma visão de educação para a transformação do homem e do mundo. Neste programa temos o desafio de desenvolver um produto educacional fiel a esta proposta transformadora. Senti falta de ler um pouco sobre os produtos desenvolvidos por vocês. Há um link ou endereço online onde podemos conhecer esses produtos?

    Eliane Vieira de Ataides Valim

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    1. Olá Eliane!
      Agradecemos pelos comentários!
      Neste relato decidimos focar apenas em nossas experiências obtidas de uma maneira mais ampliada no ProfEPT, por isso não discutimos diretamente sobre nossos produtos educacionais. Certamente o processo de construção destes fez parte de nossa experiência de formação omnilateral.
      Todos os produtos educacionais do IFSul estão disponibilizados no portal EduCapes, se tiver interesse em conferir.
      Mais uma vez agradecemos e desejamos um ótimo percurso no ProfEPT.

      Att,
      Sandra Levien
      Davi Henrique Rosskopf.

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  7. Olá, Sandra e Davi.

    Parabens pelo relato de vocês! como mestranda PROFEPT compartilho de algumas das experiencias relatadas, inclusive as que se referem as viagem e a necessidade de conciliar os estudo com a rotina de trabalho. As leituras , discussões o exercicio da escrita e elaboração do produto, nos fortalece enquanto profissionais de educação e principais agentes da mudança. o alinhamento ideológico do programa é uma consquita, pois para além das bases legais que hoje organizam a EPT, é fundamental que ocorra mudanças no fazer e no pensar dos profissionais que, de fato, a materializam.

    Marta Verônica Correia de Souza

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    1. Olá Marta! Agradecemos pelos comentários!
      Também compartilhamos desta visão sobre o ProfEPT, que realmente trata-se de uma grande ação no sentido de materializar este modelo de EPT efetivamente.

      Mais uma vez, agradecemos e desejamos um ótimo percurso no ProfEPT!

      Atenciosamente,
      Davi Henrique Rosskopf
      Sandra Levien

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